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Dra Vanessa Muradian

Qual o papel do seu pet no seu sistema familiar?

Hoje em dia, os animais de estimação são considerados praticamente membros da família, sendo cada vez mais comum as pessoas chamarem seus pets de filhos, netos, irmãos... Mas será que isso é uma coisa boa, do ponto de vista sistêmico, para o cão ou gato? Você já parou para pensar qual é o papel do seu pet no seu sistema familiar?


Mas espera aí: papel, papel, o que você quer dizer com "papel" Dra?


Existem vários papéis que cães e gatos podem ocupar no nosso sistema familiar de maneira muito saudável e benéfica, tanto para eles quanto para a gente. Mas também tem alguns papéis que não são tão benéficos assim. E que papéis seriam estes? Quais são as funções que o pet pode desempenhar na nossa família?


Esses papéis se referem ao lugar que os pets ocupam no nosso sistema. Eu falo um pouco sobre as bases da constelação familiar (sistemas, ordens etc) no vídeo Você chama seu pet de filho? O que isso pode significar do ponto de vista da constelação familiar


Por exemplo, nas grandes cidades, a maioria das pessoas tem cães ou gatos como animais de companhia: eles podem ser excelentes companheiros de idosos, de crianças e de toda a família.



Além do papel de animal de companhia, existem outros papéis possíveis para os animais desempenharem no nosso sistema e na nossa vida. Temos, por exemplo, os cães de guarda, que colaboram para a segurança do patrimônio; os cães de trabalho, que podem auxiliar os seres humanos em atividades como a caça e o pastoreio; os cães policiais, que ajudam nas atividades de patrulha e de busca e apreensão, como farejamento de drogas, armamentos, explosivos etc; e os cães de assistência, como os cães-guia e os chamados cães terapeutas.


Todos esses papéis ou funções que os animais podem cumprir na nossa família e na nossa sociedade são muito saudáveis, mas é importante respeitarmos a espécie, a origem e, principalmente, a aptidão de cada animal para aquele papel que acreditamos que ele vai desempenhar. Afinal, nem todo cão de uma raça de guarda tem comportamento de guarda, assim como nem todo cão ou gato serve para ser companheiro. Às vezes, buscamos com a melhor das intenções um filhote para fazer companhia, por exemplo, a uma pessoa mais velha, mas o animal acaba demonstrando ser extremamente enérgico, e nem sempre a pessoa idosa vai dar conta de cuidar dele devido a restrições físicas típicas da idade. Ou uma criança que pode não ter ainda muito cuidado com um filhote muito pequeno e delicado, ou se incomodar e até ficar com medo do filhote na fase das mordidas, que nem sempre são totalmente controladas.


Por mais que muitas vezes as pessoas adotem ou comprem um animal com o objetivo claro e definido de que ele seja um animal de companhia e que tenham certeza de que esse animal está cumprindo o papel dele, as trocas de papéis podem ocorrer. Só que essas trocas, ou desordens, não ocorrem de maneira consciente. E isso muitas vezes a gente só descobre quando abre o campo no momento da constelação.




Houve um caso bastante interessante que aconteceu durante um trabalho de constelação de assuntos sobre animais. Eu estava dando um workshop e a ideia era colocar os três cães de uma família em ordem, segundo as leis da hierarquia. Então, pedi para que se colocasse lado a lado o cão que chegou em primeiro, o que chegou em segundo e o que chegou em terceiro lugar, para organizar aquela matilha. Na mesma sala, tinha uma pessoa que estava representando um dos filhos da família que estava fazendo a constelação.


Na hora de organizar os cães, essa pessoa que representava o filho se levantou e ficou no meio deles, como se fosse um dos cães. Nesse momento, a mãe comentou: “Que curioso! Quando eu estava grávida, eu brincava que, quando ele nascesse, seria mais um cachorrinho para eu cuidar”.


É claro que quando falamos esse tipo de coisa estamos brincando, mas a palavra tem muito poder. A palavra cria a realidade. Portanto, mesmo que não tenha sido de propósito, no sistema, energeticamente, aquela criança se identificava como um membro da matilha dos cães.


E qual o problema disso? O problema é que, quando essa criança se coloca como um membro da matilha, ela não está no seu papel de filho e, se ela não está em seu devido lugar, em seu papel, ela perde força. Trata-se de uma desordem da hierarquia e do pertencimento. A criança desse exemplo que estou dando acabou se afastando do sistema dela e entrando no sistema dos cães, e isso ocorreu de forma inconsciente. Deixando claro que isso não significa que a criança andava pela casa latindo e "abanando o bumbum" como um cachorro, as desordens são mudanças sutis que notamos no dia a dia e no trabalho com as constelações.


Devemos prestar muita atenção especialmente em situações de substituição, como quando uma família perde um animal que faleceu, por exemplo, e, para encontrar uma forma de sobreviver àquele luto, àquela dor, adquire outro animal para colocar no lugar do que se foi. Às vezes, a família adquire um animal da mesma raça, da mesma cor e coloca até o mesmo nome. Mas, quando se faz isso, não se olha nem para o animal que partiu e nem para o que chegou. Outras vezes escolhe-se um pet totalmente diferente, mas ainda se compara o comportamento do atual com o anterior, como se quisesse que o que se foi "vivesse novamente" através do que agora chegou.




Por mais que essa substituição seja feita com boas intenções, ela implica uma desconexão, porque aquele animal que se foi teve a história dele, teve um papel naquele sistema e teve as experiências de vida dele, positivas e negativas. A sua vida e o seu papel terminaram e isso precisa ser respeitado. O animal novo tem uma nova história, portanto criar sobre ele a expectativa de que ele cumpra o papel do outro é um peso muito grande para ele. Cada ser é único no universo e nenhuma pessoa ou animal pode cumprir o papel do outro.


E agora que já entendemos que cada ser tem o seu devido papel, que existe uma hierarquia e que o lugar de cada um deve ser preservado e respeitado, vem a pergunta: como fazemos para reorganizar um sistema que já está em desordem? Depois que já nos habituamos a chamar o animal de filho, de neto, de irmão mais novo, depois que já vemos o animal como mais uma “pessoa” que compõe a família, como é que fazemos para ordenar novamente o sistema da família? Este será o tema do nosso próximo texto sobre constelação familiar. Fique de olho nas próximas publicações e saiba mais sobre como fazer essa reorganização dos papéis.


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