Eletroquimioterapia em tumor de mama: isso funciona?
Com a maior longevidade dos pets nos dias atuais e com os avanços constantes da medicina veterinária, os diagnósticos de diversas doenças crônicas e degenerativas aumentaram significativamente. Os tumores e o câncer passaram então a ser encontrados com cada vez mais frequência nos nossos pets, e entre os diversos tipos existentes está o câncer de mama.
Os tumores mamários são comuns em gatas e cadelas, especialmente as não castradas ou as castradas tardiamente. Nas gatinhas, esses tipos de tumores podem ser ainda mais agressivos do que nas cachorras (saiba um pouco mais sobre esse assunto lendo o artigo Tumor de mama em gatas: devo me preocupar?)
Uma vez detectados um ou mais tumores de mama na pequena, o tratamento normalmente indicado é a mastectomia, ou seja, a retirada cirúrgica das mamas ou da cadeia mamária afetada. Inclusive é somente após a remoção da (s) mama (s) com o (s) tumor (es) e de sua análise que teremos um diagnóstico preciso, para determinar se existe malignidade ou não.
Com o resultado em mãos e, assim, sabendo se o tumor era ou não maligno, o veterinário oncologista pode então completar o estadiamento oncológico, que é uma "classificação" na condição atual do paciente que diz se a doença está mais ou menos avançada e se necessita de mais algum tratamento, como quimioterapia, radioterapia ou eletroquimioterapia, por exemplo.
Mas só a cirurgia já não seria suficiente?
Após a cirurgia para a retirada das mamas (e dos tumores), podemos considerar que o problema acabou e que a gata ou cadela já está curada? Às vezes sim, mas nem sempre. Além do estadiamento oncológico que comentei acima, é necessário avaliar se o tumor foi retirado por completo, ou se sobrou algo no paciente. Como assim? Vou explicar: sempre que realizamos a retirada cirúrgica de um tumor, consideramos a possibilidade de ele estar infiltrado alguns milímetros (ou centímetros) além do que conseguimos visualizar. Dessa forma, quando o cirurgião vai avaliar o local a ser operado no paciente, ele precisa considerar retirar o nódulo que ele consegue ver MAIS um tanto extra de tecido ao redor, o que é chamado de margem cirúrgica. Mas como então saber se a margem foi suficiente?
Em todos os casos, sem exceção, o material retirado durante a cirurgia deve ser enviado a um laboratório, que realizará o exame chamado de histopatológico, que é uma avaliação de todo o material retirado, por um veterinário patologista, para saber, primeiro, que tipo de tumor tinha no paciente (benigno ou maligno e, se for maligno, quais suas características) e, em segundo lugar, as margens cirúrgicas, quer dizer, se onde o cirurgião cortou ainda tinha tumor no tecido ou não. Se tiver, o exame virá com a informação de "margens sujas" ou "margens comprometidas"; se não tiver, teremos "margens livres". Se houverem margens comprometidas, infelizmente a paciente terá que ser operada novamente para limpeza de margens.
Obs: hoje em dia temos a opção de trazer um (a) patologista veterinário (a) para o centro cirúrgico, para realizar avaliação do tumor e das margens cirúrgicas já durante o procedimento, de forma que ganhamos tempo por não necessitar aguardar o resultado do laboratório. Para saber mais sobre esse tipo de avaliação clique em Diagnóstico de câncer em minutos: saiba tudo sobre o resultado da biópsia no transcirúrgico
Só que, algumas vezes, a retirada do tumor por completo não é viável, simplesmente porque não existe tecido suficiente para ser retirado, seja porque o tumor é muito grande ou porque já está infiltrando nos demais tecidos. E é aqui que a eletroquimioterapia pode ser uma excelente aliada.
Eletroquimioterapia como aliada no tratamento para o câncer de mama
Como vimos, nem sempre é possível a retirada completa de todas as células tumorais durante a cirurgia. Se a histopatologia identificar que a margem cirúrgica está comprometida, isto é, o tumor foi retirado, mas sobraram células doentes na área operada, então a eletroquimioterapia pode ser uma excelente aliada para o tratamento.
Apesar de poder ser utilizada como único tratamento em alguns casos, para o tumor de mama, eu gosto de realizar a eletroquimioterapia junto com a cirurgia, assim ela funciona como uma ferramenta extra quando, por exemplo, não há margem cirúrgica suficiente. Dessa forma, a eletroquimioterapia fará uma "limpeza" das margens e servirá como auxílio à cirurgia.
Mas afinal, o que é eletroquimioterapia?
Eletroquimioterapia é um tratamento localizado para tumores de qualquer tipo, tanto benignos quanto malignos, que pode ser aplicada isoladamente ou em combinação com quimioterapia e/ou cirurgia.