Tratamento com Eletroquimioterapia em Tumor de Sticker resistente à vincristina e doxorrubicina
Trabalho apresentado no Congresso Paulista de Especialidades, outubro de 2015.
VANESSA MURADIAN¹; ELISON HIROSHI FURUKO²
¹ PetProLife ² Clinica Veterinária Nova Itinguçu
contato@petprolife.com.br
Tumor de Sticker, também conhecido como tumor venéreo transmissível (TVT), é uma neoplasia maligna de origem histiocítica transmitida entre cães por contato direto, considerada localmente agressiva mas de baixo potencial metastático. Aparece comumente nas regiões genital, perineal e focinho. O tratamento tradicional consiste em aplicações endovenosas de vincristina mas alguns tumores se mostram refratários a essa medicação, necessitando de terapias complementares. Paciente canina, da raça PitBull, 7 anos de idade, foi atendida por clínica particular da cidade de São Paulo em julho de 2014 com metrorragia e aumento de volume em região perineal de cerca de 10 cm de diâmetro e suspeita de tumor de Sticker. Iniciado tratamento com prednisona via oral na dose de 2mg/kg SID por 7 dias e depois 1mg/kg SID por tempo indeterminado e sessões semanais de vincristina endovenosa na dose de 0,5mg/m². Após 5 sessões de vincristina houve apenas interrupção da metrorragia e pouca redução do volume tumoral. Realizada biopsia incisional para avaliação histopatológica e confirmação de diagnóstico, com laudo de neoplasia de células redondas favorecendo tumor de Sticker. Encaminhada ao serviço de oncologia da PetProLife a prednisona foi suspensa e iniciado tratamento com doxorrubicina (30 mg/m²), por via endovenosa, e ciclofosfamida por via oral em dose única no mesmo dia (180 mg/m²), a cada 21 dias.
Paciente no início do tratamento
Houve redução de 50% do volume após a primeira sessão, atingindo 80% de redução após a terceira sessão, estabilizando no volume restante. Dias antes da sessão seguinte o volume tumoral iniciava novo crescimento. Diante da não remissão total e para evitar lesões em miocárdio as sessões com doxorrubicina foram suspensas e foi instituído tratamento complementar com eletroquimioterapia no volume tumoral restante. O procedimento de eletroquimioterapia foi realizado sob anestesia geral. O protocolo seguido constou da aplicação endovenosa de bleomicina na concentração de 15 U/m² seguida da aplicação de 8 pulsos elétricos, duração 100 µseg, com 100 ms de intervalo entre os pulsos, entregues por eletrodos em agulha paralelos com distância de 0,5 cm entre eles e voltagem de 1300 V/cm.
Paciente no dia da eletroquimioterapia. Note que houve redução do tumor inicial mas ainda se nota considerável aumento de volume.
Houve remissão de 100% em um período de 15 dias, permanecendo em remissão total pelos meses seguintes. Em março de 2015 foi realizada tomografia computadorizada da região sem sinal de anormalidades. Paciente permanece em remissão completa até o momento. Eletroquimioterapia é uma modalidade de tratamento segura e eficaz para tumores de Sticker resistentes à quimioterapia tradicional.
Paciente após final do tratamento
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